segunda-feira, 9 de junho de 2008

O Homem do Leme

Estava eu a preparar-me para almoçar alarvemente quando uma noticia na TV me despertou a atenção. Anibal Cavaco Silva vai pilotar amanhã, que é 10 de Junho, o Gil Eanes. Sim era ele - O homem do leme. Desta vez com um verdadeiro leme nas mãos, aos comandos de um navio.
Imaginei que tipo de emoções passam por aquela criatura. O Anibal, com o leme nas mãos e aquele sorriso de animal embalsamado que apenas ele consegue fazer, defronte de um batalhão de fotografos que disparam incessantemente na vã esperança de captar qualquer tipo de emoção no seu rosto.

Imaginei o Anibal a entrar no Tejo, vindo de Algés e a olhar na direcção dos Jerónimos para admirar o Centro Cultural de Belém, o monumento emblemático do Cavaquismo, antes de finalmente avistar os Jerónimos que surgem agora por detrás do CCB. Imaginei que nessa altura alguem o afastava e lhe tirava o leme das mãos e dizendo "Pronto, pronto..Já chega..." ao que ele responderia com um cavernoso "Obrigado..." digno de um qualquer filme de múmias que se preze.

Lembrei-me dos tempos aureos do Cavaquismo, quando a malta arranjava um dinheirito para os copos inscrevendo-se num curso qualquer em que só era preciso lá ir de vez em quando para assinar as folhas. Quando o Paulo Portas ainda era só o Director do Independente, que era um jornal interessante. Quando de repente havia dinheiro aos magotes vindo da CEE e não era importante o seu uso. Só era importante é que viesse e viesse para o nosso bolso. Havia Dinheiro e havia empregos. Fez-se a Expo 98, deitando abaixo a parte ribeirinha Ocidental de Lisboa com todo o seu surrealismo. Plantavam-se girassois. Compravam-se bons carros para as estradas que entretanto se construiam. Enfim, tempos aureos em que o Pais teve a oportunidade do século para se modernizar e construir algo para os tempos vindouros e fez aquela coisa tão Portuguesa que foi encher os bolsos o mais depressa possivel.

Esses tempos trazem-me á memória aquela história de que não devemos dar peixe a um tipo com fome mas sim ensiná-lo a pescar. Nós recebiamos o dinheiro para as canas, para as boias, os anzóis, a minhoca, tudo material topo de gama, e depois iamos comer o peixe ao restaurante. Enquanto havia dinheiro lá iamos comendo o peixito, em conforto e de forma despreocupada, depois quem viesse a seguir que se lixasse, porque o peixito, na barriga, esse já cá canta.

O Homem de Boliqueime deixou boa impressão. Havia dinheiro, havia empregos, até na função publica havia empregos com fartura. O resto não é importante. Após, na minha opinião, a mais brilhante operação eleitoral de todos os tempos- Sim, não nos esqueçamos de que quando ainda faltava 1 ano para as eleições já havia noticias nos jornais sobre o eventual regresso do Prof. Silva, como se de um qualquer salvador dos aflitos se tratasse e até a sra. Silva começou a aparecer nas revistas côr de rosa.- O Homem foi eleito Presidente da Republica Portuguesa. Há coisas fantásticas não há?

Enfim, nem tudo foi mau... ficaram as estradas, a zona da expo a abarrotar de prédios, estradas, o CCB, estradas, a Manuela Ferreira Leite, as estradas e algum saudosismo, que é uma coisa muito Portuguesa. :)

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