Hoje, O Presidente da Republica, Cavaco Silva anunciou: "Congratulo-me pelo facto de a ordem pública e a legalidade terem voltado ao nosso país. Isso é o mais Importante. Fico satisfeito pelos portugueses puderem novamente viver o seu dia-a-dia com alguma tranquilidade". Sim, cá estamos nós de volta á normalidade, ao pais onde não acontece nada,satisfeitos da vida e preocupados com coisas tão importantes como onde é que vamos ver o jogo da selecção, beber umas minis e se podemos ver a namorada nova do Cristiano Ronaldo sem t-shirt numa sitio qualquer.
No entanto, na semana passada, um grupo de psudo-camionistas, manifestantes, revoltosos, bandidos, arruaceiros ou terroristas, depende da optica com que quiser ver a coisa, paralisou parte do pais com cortes e bloqueios de estradas. Os negócios Pararam, os bens de consumo começaram a escassear e as pessoas ficaram sem o gasoleo que os carros alemães tanto gostam. Quanto é que isto custou ao pais? Não se sabe. Infelizmente ainda não conseguimos aprender a quantificar as coisas em dinheiro, como fazem tão bem os Americanos. Um dia lá chegaremos...
Num Belo dia, a seguir ao Jogo do Euro, para grande espanto geral, a populaça apercebe-se de que os combustiveis estão a escassear. Isto, apesar do bloqueio ter sido anunciado com bastante antecedencia - mas o que é que isso interessa quando podemos ver uma entrevista com o cozinheiro da selecção e da senhora que lava as cuecas do "mister"...
As bombas da Galp enchem-se de carros. Ha filas intermináveis para abastecer. Os tipos que andavam a dizer que boicotavam a Galp e Repsol deixam de se importar com o preço que pagam pela essencia mágica, desde que o carrito continue a andar. E, no meio disto tudo, surpresa das surpresas, ha uma onda de simpatia para com os tipos que andam todos contentes com os seus coletes reflectores a parar o pais e a ameaçar os colegas em frente ás camaras de televisão.
A Populaça diz que está certo, que temos de lutar, que as coisas estão dificeis, os emprestimos bancários, o preço dos combustiveis. E de facto as coisas não são fáceis. Ninguém disse que eram. O que ninguém pode estar á espera é de viver dentro de uma caixinha chamada Portugal, á espera de que o governo resolva todos os seus problemas, perfeitamente alheio ao que se passa no resto do mundo. E na semana passada tive a desconfortável visão de que grande parte da nossa população é assim que vive. Alheia ao resto do Mundo, dentro de uma caixinha, que já teve antena mas agora também tem cabo, onde só vê o que lhe mostram, que acredita que o Governo serve, por um lado, para resolver todo e qualquer um dos seus problemas, e por outro, para justificar os mesmos.
Ninguém foi preso, ou mesmo acusado seja do que fôr. Não houve "Porrada nos gajos - vai tudo de cana!", a minha primeira reacção natural, confesso. De facto não aconteceu nada. O Governo Cedeu, Morreu um tipo e hoje joga a selecção.
Ontem á tarde na Mata do Fontelo os pseudo-camionistas revoltosos organizaram um convivio onde comeram porco no espeto e beberam uns copos, a fazer lembrar aquelas patuscadas na floresta dos filmes do "Robin dos Bosques". Dizem que o Balanço é positivo e sentem-se com mais força. Com mais força sente-se também qualquer tipo de associação que possa parar seja o que fôr em nome de uma qualquer revindicação. "Estamos chateados, isto não anda a correr bem... vamos cortar uma estrada!"
A populaça, essa deu sinais de ir atrás seja do que fôr, como bons carneirinhos, guiados de forma perfeitamente irresponsável por essa coisa a que chamamos comunicação social. Desconhece a diferença entre uma greve e um corte de estradas. O Zé disse que sentiu o estado fraco - pois é Zé eu também senti... - e a oposição escondeu-se e está agora á espera de mais qualquer coisa, que não sabe o que é, como qualquer coelho assustado escondido na cartola.
O fenómeno repete-se pelo resto da Europa e sinto-me apreensivo pelo futuro.Os preços dos combustiveis deverão continuar a subir e levam todos os restantes atrás. A ser assim o fenómeno vai intensificar-se. Quase que posso imaginar algo parecido com o 25 Abril, mas agora em vez de ser com militares é com camionistas. "A revolução dos camionistas" - ficava bem em qualquer livro de história. Podiam pôr um malmequer na buzina...Pelo menos era diferente... e neste momento poderia espalhar-se a vários paises, o que seria uma estreia. Aquela canção "Sou camionista, sou o maior..." poderia ser o hino...
Talvez alguém se lembre de que uma Europa "socialmente conturbada" não é bom para o negócio de ninguém, não augura nada de bom, e os preços de facto baixem... ou pelo menos parem de aumentar... Ah bom... demagogia...
Adivinham-se tempos conturbados para a Europa... Cá estaremos para ver... :)
domingo, 15 de junho de 2008
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