segunda-feira, 25 de abril de 2011

E porque hoje é 25 de Abril...

Na verdade, não tenho uma particular visão poética relativamente a revolução dos cravos e ao período que se viveu. No entanto, trata-se de um dia de mudança, um dia em que uma consciência coletiva decidiu que estava na altura de mudar algo. Não que o resultado tenha sido particularmente feliz, mas diga-se, em Portugal vivia-se muito mal naqueles tempos.

O dia marca também alguns acontecimentos na minha vida. Foi, por exemplo, o dia em que comecei a tirar fotografias. Lembro-me de ter ido a avenida da Liberdade e de ter fotografado um miúdo em cima de um Chaimite com um cravo na mão, K1000 e lente 50mm. Devia ter na altura ai uns 20 anitos e ainda alimentava algum interesse por fotografar pessoas. Algo que deixei de fazer de há uns anos para cá. Digamos que mudei de ideias. Não sei o que terá sido feito do miúdo. Penso que fará parte da dita geração enrascada.

O 25 de Abril é para mim, portanto ,um dia de mudança, um dia em que se decide fazer algo de outra forma. Um dia em que se desafia o “sistema”, acima de tudo, porque não se gosta do “sistema”.

Não acredito que as coisas tenham mudado muito. De facto não acredito que as coisas tenham mudado assim tanto desde de há uns bons anos para cá. O macaco, que bate nos outros todos para chegar ao galho mais alto da árvore, foi destituído pelos seus, quando meia dúzia de macaquinhos mais espertos perceberam era fácil convencer os outros macaquinhos que o melhor macaquinho para estar no galho mais alto, era o macaquinho deles. Depois perceberam que trocar o macaquinho no ramo mais alto também não era difícil. È só arranjar outro macaquinho menos esperto e convencer os outros macaquinhos que, afinal, este é que é bom e o outro já não presta. Quanto mais burro melhor, desde que pareça decidido e sirva os interesses dos macaquinhos espertos. O resto da macacada, que se lixe, desde que façam o que os macaquinhos espertos querem.

Porque hoje é 25 de Abril e para que consigamos viver no meio desta macacada toda. :)


sábado, 9 de abril de 2011

O FMI

E pronto. Finalmente chegamos lá. Portugal passa a frente da Costa do Marfim durante um dia nas noticias internacionais. Portugal nas bocas do mundo inteiro. Não passou á frente da Líbia, mas pronto, fica para a próxima...

O Governo assumiu que é incapaz de governar o pais e pede ajuda ao FMI, para gáudio de muitos. Os serviços noticiosos mostram o primeiro ministro na fase preparatória para o discurso ao estado, numa clara declaração de que, se a classe governante é incompetente, a comunicação social não fica atrás. Aliás, vai muito á frente.

Agora vem o FMI. Muitos acham que é boa ideia, eu ainda tinha alguma esperança que não se chegasse a isto.

Então vamos lá ver... Eu não tenho dinheiro para as despesas, não me controlo e gasto muito dinheiro. Como não consigo pagar vou falar com o banco. O Senhor lá do banco diz-me que tudo se resolve com mais um empréstimo e umas medidas que me permitem alinhar a minha vidita e ir pagando o emprestimozito. E eu digo, pois então, está bem. Faça lá as continhas e depois diga-me o que é que eu tenho de fazer e passe para cá a guita...
E pronto, lá vou eu todo lampeiro já com dinheirito no bolso para mais uns tempos. Passado uns dias liga o senhor do banco. Olhe, sabe, eu estive a ver e o senhor não tem dinheiro para andar a jantar todos os dias. Sabe, você tem o empréstimo para pagar e pelas nossas contas vai ter de deixar de comer carne também. Olhe, os vegetais sempre fizeram bem a saúde e a carne está muito cara. Por outro lado se calhar vai ter de ficar a viver com os sogros porque ainda tem a casa para pagar e o dinheirito não dá para tudo, não é. Sabe, como trabalha 8 horas por dia, ainda lhe sobram 16, podia ir trabalhar para o Macdonalds que não é a morte de ninguém e estão sempre a recrutar, o que já dá para comer um bifito uma vez por mês.
Fico muito confuso e desconfio que fui enganado, apresso-me a dizer-lhe que afinal já não quero, mas agora também não lhe posso pagar. O Senhor do banco responde – Sabe, isso agora é mais complicado, se tivesse o dinheiro para pagar o empréstimo até podíamos chegar a um acordo, mas agora o senhor tem é de pagar os juros da divida, depois quando conseguir juntar uns dinheiritos a gente volta a falar e entretanto se precisar de ajuda com alguma coisa esteja á vontade. Pois eu sei isto está muito mau, é a crise...

Entretanto lá vamos votar novamente nos tipos que vão gerir isto tudo e dizer que não têm culpa e que é o FMI que manda...

Temos o Ze, que todos conhecem, com sua atitude positiva. Dizia ele há uns tempos que está tudo bem e que nunca esteve tão bem e que se recomendava. Canudo em Engenharia da treta e tudo.
Depois o Coelho, que me faz lembrar um daqueles bonecos que parece que falam mas quem fala é o senhor que o faz abrir e fechar a boca.
Temos o Paulinho que gosta de fatos Azul Marinho, Submarinos e de meter marinheiros em espaços confinados semanas a fio.
O Chiquinho, que agora até defende obras publicas para o bem da nação. Chiquinho! Mudasti!
E temos os gajos da cassete que ainda não a conseguiram cuspir, nem com o advento do DVD, depois destes anos todos.

E vamos ter o FMI! Sobre estes apenas recomendo uma pesquisa na net. Podem começar pelo Mexico.

Sem mais e a espera de dias melhores. :)