Hoje não a vi de manhã. A cadeira estava vazia, no mesmo canto obscuro onde sempre está. Ela não estava lá. Passa o dia sentada no mesmo sitio. É o seu trabalho. Não sei o que pensa, que dramas a atormentam ou simplesmente se fecha os olhos e sonha que está noutro lugar. Nunca a vi a ler um livro, folhear uma revista, ou mesmo falar com alguém. Senta-se apenas e espera que o tempo passe. Tornou-se parte do recanto, apenas o percebemos quando a cadeira vazia nos alerta os sentidos. Não sei se tem familia ou filhos. Intorreguei-me se estaria doente ou tivesse sido colocada em outro serviço. Conformei-me com a ideia de que nunca o iria saber.
Mais tarde vi-a. Estava sentada no sitio do costume e desta vez tentei perceber o que fazia. Tinha um pequeno papel na mão onde rabiscava alguns desenhos e algo que se parecia com uma assinatura. Reparei que ouvia musica. Ficou lá, sentada o resto do dia. É o seu trabalho.
:)
quarta-feira, 22 de junho de 2011
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Troika
Troika, Troika, Troika... Hoje contei 54 vezes a palavra “Troika” a passar em rodapé no jornal da TVI com que me brindam durante o almoço e que me faz comer mais depressa e vagar o lugar a outros rapidamente.
A Troika isto, A Troika aquilo... Fui ver ao Wikipedia e afinal é uma palavra russa com origem num trenó puxado por 3 cavalos, em português seria um “Triunvirato” mas não soa tão bem. Por outro lado poderia gerar algumas interrogações, o que não é desejavel. Diz também que em politica é um comite de tres membros e que era usado para descrever os três chefes supremos do estado comunista. Bom, cá o que há é o carro de bois e normalmente são só dois que puxam. Em alternativa há a carroça, normalmente puxada apenas por um burro. Isto do trenó e dos cavalos não só é estranho como não se adequa a nossa realidade, parece coisa de pai natal e como sabem não se trata bem do caso. Cá é mais gado bovino ou asnos, que é o termo técnico para o burro.
Continuo sem saber quem são os 3 poderes em causa, se é que os há. A palavra no entanto fica na cabeça e agora que pegou é como as musicas do Emanuel. Assombra-nos durante o dia inteiro sem ter qualquer significado digno de comentário.
Amanhã lá vamos nós levar com a Troika em cima. Sem saber muito bem quem são. Mais valia chamarem-lhe Anabela ou Marilu. Sempre era mais Português e também tem uma sonoridade engraçada. Por outro lado não parecia o barulho de alguém a levar com um tacho na cabeça.
Quem consegue fazer parecer que não é estranho pedir dinheiro emprestado para o darmos a banca e depois o possamos pedir emprestado a mesma, pagando os respectivos juros, tem capacidade para muito mais. Pagamos todos para isso, por isso ao menos sejam um bocadinho mais criativos.
Podem levar o dinheiro, mas a Troika é que eu não compro... :)
A Troika isto, A Troika aquilo... Fui ver ao Wikipedia e afinal é uma palavra russa com origem num trenó puxado por 3 cavalos, em português seria um “Triunvirato” mas não soa tão bem. Por outro lado poderia gerar algumas interrogações, o que não é desejavel. Diz também que em politica é um comite de tres membros e que era usado para descrever os três chefes supremos do estado comunista. Bom, cá o que há é o carro de bois e normalmente são só dois que puxam. Em alternativa há a carroça, normalmente puxada apenas por um burro. Isto do trenó e dos cavalos não só é estranho como não se adequa a nossa realidade, parece coisa de pai natal e como sabem não se trata bem do caso. Cá é mais gado bovino ou asnos, que é o termo técnico para o burro.
Continuo sem saber quem são os 3 poderes em causa, se é que os há. A palavra no entanto fica na cabeça e agora que pegou é como as musicas do Emanuel. Assombra-nos durante o dia inteiro sem ter qualquer significado digno de comentário.
Amanhã lá vamos nós levar com a Troika em cima. Sem saber muito bem quem são. Mais valia chamarem-lhe Anabela ou Marilu. Sempre era mais Português e também tem uma sonoridade engraçada. Por outro lado não parecia o barulho de alguém a levar com um tacho na cabeça.
Quem consegue fazer parecer que não é estranho pedir dinheiro emprestado para o darmos a banca e depois o possamos pedir emprestado a mesma, pagando os respectivos juros, tem capacidade para muito mais. Pagamos todos para isso, por isso ao menos sejam um bocadinho mais criativos.
Podem levar o dinheiro, mas a Troika é que eu não compro... :)
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Osama
Mataram o Osama... da ultima vez que o vi pedalava alegremente uma pasteleira pelas ruas de Deira. Barbas ao vento e sandalocha arejada.
Depois disso acho que o vi a conduzir uma pickup “Great Wall” na Sheikh Zayed road, ou se calhar era um tipo parecido com ele. O look “Osama” é bem popular em individuos daquela etnia e classe etária. Ninguém se mete com um tipo com o look "Osama". Para além disso dá um jeitaço para regatear preços.
Desconhecia que os muçulmanos tinham de ser enterrados no mar rapidamente, estamos sempre a aprender qualquer coisa, agora já sei porque é que não gostam muito de ir a praia. Mas estes americanos lá sabem, são muito espertos. Depois destes anos todos lá foram desencantar o senhor das barbas no meio dos outros todos parecidos.
E ainda lhe fizeram um teste de ADN, antes de o mandarem do porta-aviões a baixo. Sim senhor, com os "americas" ninguem brinca. Lá se vai o Eixo do mal, ficam apenas uns pelitos de barba como prova cientifica.
Agora é o Kadafi que também se vai lixar. Pensava que por ter apertado a mão ao Obama já era amiguinho e que não lhe ia faltar dinheiro para os oculos estilosos. Toma lá, com o tio Sam ninguém brinca! Que outra grande nação se pode orgulhar de ter inventado o Pato Donald, a Minie, o Pluto, o Elvis, a Jane Mansfield e o Ayatollah?
E agora, que o Osama já se foi e o Kadafi está quase a ir, fico na expectativa de que surja outro que não seja uma mistura dos dois. De preferencia não muçulmano, que disso já estou um bocado farto. E depois, morre muita gente sem saber muito bem porquê. Não me agrada.
Eu cá, seguindo as ultimas tendencias, aposto num chinês, qual chinês? O pior chinês...
Na certeza de que acompanharemos essa grande nação Americana na defesa da Democracia, do Mundo Livre e sabe-se lá mais o quê. Nem chinês malvado, nem Saudita barbudo, nem mesmo Libio de permanente têm hipotese. :)
Depois disso acho que o vi a conduzir uma pickup “Great Wall” na Sheikh Zayed road, ou se calhar era um tipo parecido com ele. O look “Osama” é bem popular em individuos daquela etnia e classe etária. Ninguém se mete com um tipo com o look "Osama". Para além disso dá um jeitaço para regatear preços.
Desconhecia que os muçulmanos tinham de ser enterrados no mar rapidamente, estamos sempre a aprender qualquer coisa, agora já sei porque é que não gostam muito de ir a praia. Mas estes americanos lá sabem, são muito espertos. Depois destes anos todos lá foram desencantar o senhor das barbas no meio dos outros todos parecidos.
E ainda lhe fizeram um teste de ADN, antes de o mandarem do porta-aviões a baixo. Sim senhor, com os "americas" ninguem brinca. Lá se vai o Eixo do mal, ficam apenas uns pelitos de barba como prova cientifica.
Agora é o Kadafi que também se vai lixar. Pensava que por ter apertado a mão ao Obama já era amiguinho e que não lhe ia faltar dinheiro para os oculos estilosos. Toma lá, com o tio Sam ninguém brinca! Que outra grande nação se pode orgulhar de ter inventado o Pato Donald, a Minie, o Pluto, o Elvis, a Jane Mansfield e o Ayatollah?
E agora, que o Osama já se foi e o Kadafi está quase a ir, fico na expectativa de que surja outro que não seja uma mistura dos dois. De preferencia não muçulmano, que disso já estou um bocado farto. E depois, morre muita gente sem saber muito bem porquê. Não me agrada.
Eu cá, seguindo as ultimas tendencias, aposto num chinês, qual chinês? O pior chinês...
Na certeza de que acompanharemos essa grande nação Americana na defesa da Democracia, do Mundo Livre e sabe-se lá mais o quê. Nem chinês malvado, nem Saudita barbudo, nem mesmo Libio de permanente têm hipotese. :)
segunda-feira, 25 de abril de 2011
E porque hoje é 25 de Abril...
Na verdade, não tenho uma particular visão poética relativamente a revolução dos cravos e ao período que se viveu. No entanto, trata-se de um dia de mudança, um dia em que uma consciência coletiva decidiu que estava na altura de mudar algo. Não que o resultado tenha sido particularmente feliz, mas diga-se, em Portugal vivia-se muito mal naqueles tempos.
O dia marca também alguns acontecimentos na minha vida. Foi, por exemplo, o dia em que comecei a tirar fotografias. Lembro-me de ter ido a avenida da Liberdade e de ter fotografado um miúdo em cima de um Chaimite com um cravo na mão, K1000 e lente 50mm. Devia ter na altura ai uns 20 anitos e ainda alimentava algum interesse por fotografar pessoas. Algo que deixei de fazer de há uns anos para cá. Digamos que mudei de ideias. Não sei o que terá sido feito do miúdo. Penso que fará parte da dita geração enrascada.
O 25 de Abril é para mim, portanto ,um dia de mudança, um dia em que se decide fazer algo de outra forma. Um dia em que se desafia o “sistema”, acima de tudo, porque não se gosta do “sistema”.
Não acredito que as coisas tenham mudado muito. De facto não acredito que as coisas tenham mudado assim tanto desde de há uns bons anos para cá. O macaco, que bate nos outros todos para chegar ao galho mais alto da árvore, foi destituído pelos seus, quando meia dúzia de macaquinhos mais espertos perceberam era fácil convencer os outros macaquinhos que o melhor macaquinho para estar no galho mais alto, era o macaquinho deles. Depois perceberam que trocar o macaquinho no ramo mais alto também não era difícil. È só arranjar outro macaquinho menos esperto e convencer os outros macaquinhos que, afinal, este é que é bom e o outro já não presta. Quanto mais burro melhor, desde que pareça decidido e sirva os interesses dos macaquinhos espertos. O resto da macacada, que se lixe, desde que façam o que os macaquinhos espertos querem.
Porque hoje é 25 de Abril e para que consigamos viver no meio desta macacada toda. :)
O dia marca também alguns acontecimentos na minha vida. Foi, por exemplo, o dia em que comecei a tirar fotografias. Lembro-me de ter ido a avenida da Liberdade e de ter fotografado um miúdo em cima de um Chaimite com um cravo na mão, K1000 e lente 50mm. Devia ter na altura ai uns 20 anitos e ainda alimentava algum interesse por fotografar pessoas. Algo que deixei de fazer de há uns anos para cá. Digamos que mudei de ideias. Não sei o que terá sido feito do miúdo. Penso que fará parte da dita geração enrascada.
O 25 de Abril é para mim, portanto ,um dia de mudança, um dia em que se decide fazer algo de outra forma. Um dia em que se desafia o “sistema”, acima de tudo, porque não se gosta do “sistema”.
Não acredito que as coisas tenham mudado muito. De facto não acredito que as coisas tenham mudado assim tanto desde de há uns bons anos para cá. O macaco, que bate nos outros todos para chegar ao galho mais alto da árvore, foi destituído pelos seus, quando meia dúzia de macaquinhos mais espertos perceberam era fácil convencer os outros macaquinhos que o melhor macaquinho para estar no galho mais alto, era o macaquinho deles. Depois perceberam que trocar o macaquinho no ramo mais alto também não era difícil. È só arranjar outro macaquinho menos esperto e convencer os outros macaquinhos que, afinal, este é que é bom e o outro já não presta. Quanto mais burro melhor, desde que pareça decidido e sirva os interesses dos macaquinhos espertos. O resto da macacada, que se lixe, desde que façam o que os macaquinhos espertos querem.
Porque hoje é 25 de Abril e para que consigamos viver no meio desta macacada toda. :)
sábado, 9 de abril de 2011
O FMI
E pronto. Finalmente chegamos lá. Portugal passa a frente da Costa do Marfim durante um dia nas noticias internacionais. Portugal nas bocas do mundo inteiro. Não passou á frente da Líbia, mas pronto, fica para a próxima...
O Governo assumiu que é incapaz de governar o pais e pede ajuda ao FMI, para gáudio de muitos. Os serviços noticiosos mostram o primeiro ministro na fase preparatória para o discurso ao estado, numa clara declaração de que, se a classe governante é incompetente, a comunicação social não fica atrás. Aliás, vai muito á frente.
Agora vem o FMI. Muitos acham que é boa ideia, eu ainda tinha alguma esperança que não se chegasse a isto.
Então vamos lá ver... Eu não tenho dinheiro para as despesas, não me controlo e gasto muito dinheiro. Como não consigo pagar vou falar com o banco. O Senhor lá do banco diz-me que tudo se resolve com mais um empréstimo e umas medidas que me permitem alinhar a minha vidita e ir pagando o emprestimozito. E eu digo, pois então, está bem. Faça lá as continhas e depois diga-me o que é que eu tenho de fazer e passe para cá a guita...
E pronto, lá vou eu todo lampeiro já com dinheirito no bolso para mais uns tempos. Passado uns dias liga o senhor do banco. Olhe, sabe, eu estive a ver e o senhor não tem dinheiro para andar a jantar todos os dias. Sabe, você tem o empréstimo para pagar e pelas nossas contas vai ter de deixar de comer carne também. Olhe, os vegetais sempre fizeram bem a saúde e a carne está muito cara. Por outro lado se calhar vai ter de ficar a viver com os sogros porque ainda tem a casa para pagar e o dinheirito não dá para tudo, não é. Sabe, como trabalha 8 horas por dia, ainda lhe sobram 16, podia ir trabalhar para o Macdonalds que não é a morte de ninguém e estão sempre a recrutar, o que já dá para comer um bifito uma vez por mês.
Fico muito confuso e desconfio que fui enganado, apresso-me a dizer-lhe que afinal já não quero, mas agora também não lhe posso pagar. O Senhor do banco responde – Sabe, isso agora é mais complicado, se tivesse o dinheiro para pagar o empréstimo até podíamos chegar a um acordo, mas agora o senhor tem é de pagar os juros da divida, depois quando conseguir juntar uns dinheiritos a gente volta a falar e entretanto se precisar de ajuda com alguma coisa esteja á vontade. Pois eu sei isto está muito mau, é a crise...
Entretanto lá vamos votar novamente nos tipos que vão gerir isto tudo e dizer que não têm culpa e que é o FMI que manda...
Temos o Ze, que todos conhecem, com sua atitude positiva. Dizia ele há uns tempos que está tudo bem e que nunca esteve tão bem e que se recomendava. Canudo em Engenharia da treta e tudo.
Depois o Coelho, que me faz lembrar um daqueles bonecos que parece que falam mas quem fala é o senhor que o faz abrir e fechar a boca.
Temos o Paulinho que gosta de fatos Azul Marinho, Submarinos e de meter marinheiros em espaços confinados semanas a fio.
O Chiquinho, que agora até defende obras publicas para o bem da nação. Chiquinho! Mudasti!
E temos os gajos da cassete que ainda não a conseguiram cuspir, nem com o advento do DVD, depois destes anos todos.
E vamos ter o FMI! Sobre estes apenas recomendo uma pesquisa na net. Podem começar pelo Mexico.
Sem mais e a espera de dias melhores. :)
O Governo assumiu que é incapaz de governar o pais e pede ajuda ao FMI, para gáudio de muitos. Os serviços noticiosos mostram o primeiro ministro na fase preparatória para o discurso ao estado, numa clara declaração de que, se a classe governante é incompetente, a comunicação social não fica atrás. Aliás, vai muito á frente.
Agora vem o FMI. Muitos acham que é boa ideia, eu ainda tinha alguma esperança que não se chegasse a isto.
Então vamos lá ver... Eu não tenho dinheiro para as despesas, não me controlo e gasto muito dinheiro. Como não consigo pagar vou falar com o banco. O Senhor lá do banco diz-me que tudo se resolve com mais um empréstimo e umas medidas que me permitem alinhar a minha vidita e ir pagando o emprestimozito. E eu digo, pois então, está bem. Faça lá as continhas e depois diga-me o que é que eu tenho de fazer e passe para cá a guita...
E pronto, lá vou eu todo lampeiro já com dinheirito no bolso para mais uns tempos. Passado uns dias liga o senhor do banco. Olhe, sabe, eu estive a ver e o senhor não tem dinheiro para andar a jantar todos os dias. Sabe, você tem o empréstimo para pagar e pelas nossas contas vai ter de deixar de comer carne também. Olhe, os vegetais sempre fizeram bem a saúde e a carne está muito cara. Por outro lado se calhar vai ter de ficar a viver com os sogros porque ainda tem a casa para pagar e o dinheirito não dá para tudo, não é. Sabe, como trabalha 8 horas por dia, ainda lhe sobram 16, podia ir trabalhar para o Macdonalds que não é a morte de ninguém e estão sempre a recrutar, o que já dá para comer um bifito uma vez por mês.
Fico muito confuso e desconfio que fui enganado, apresso-me a dizer-lhe que afinal já não quero, mas agora também não lhe posso pagar. O Senhor do banco responde – Sabe, isso agora é mais complicado, se tivesse o dinheiro para pagar o empréstimo até podíamos chegar a um acordo, mas agora o senhor tem é de pagar os juros da divida, depois quando conseguir juntar uns dinheiritos a gente volta a falar e entretanto se precisar de ajuda com alguma coisa esteja á vontade. Pois eu sei isto está muito mau, é a crise...
Entretanto lá vamos votar novamente nos tipos que vão gerir isto tudo e dizer que não têm culpa e que é o FMI que manda...
Temos o Ze, que todos conhecem, com sua atitude positiva. Dizia ele há uns tempos que está tudo bem e que nunca esteve tão bem e que se recomendava. Canudo em Engenharia da treta e tudo.
Depois o Coelho, que me faz lembrar um daqueles bonecos que parece que falam mas quem fala é o senhor que o faz abrir e fechar a boca.
Temos o Paulinho que gosta de fatos Azul Marinho, Submarinos e de meter marinheiros em espaços confinados semanas a fio.
O Chiquinho, que agora até defende obras publicas para o bem da nação. Chiquinho! Mudasti!
E temos os gajos da cassete que ainda não a conseguiram cuspir, nem com o advento do DVD, depois destes anos todos.
E vamos ter o FMI! Sobre estes apenas recomendo uma pesquisa na net. Podem começar pelo Mexico.
Sem mais e a espera de dias melhores. :)
terça-feira, 29 de março de 2011
O paquistanês perdido
Hoje bebi uma cerveja com um jovem paquistanês. Sentou-se ao pé de mim num bar de aeroporto e pediu uma lata de cerveja. Ao principio fiquei com a ideia de que se estava a preparar para beber uma jola as minhas custas, mas depois percebi rapidamente que não. Vestia-se como a maioria dos paquistaneses : Bone na cabeça, aquela farpela que se assemelha a um pijama de tamanho 4 números acima ao qual as bainhas foram arranjadas e sandalocha generosamente arejada.
Bebia uma lata de cerveja. O que não é muito comum e pagava sem regatear o preço nem complicar muito, o que também não é comum. Chegou a pedir um maço de tabaco num bar de aeroporto o que me deixou embasbacado, uma vez que custa o triplo do que vendido na loja da esquina. Fiquei curioso mas não muito. Acabou por me perguntar de onde era e fez aquele ar parvo de quem não sabia sequer que existia um pais chamado Portugal mas não se atreve a dizê-lo. No Paquistão, uma vez que não temos selecção de críquete ninguém sabe quem é o Cristiano Ronaldo, o que faz de Portugal um pais desconhecido.
Vim a saber que tinha sido deportado e não poderia mais regressar ao pais até ao fim dos seus dias. Parece que o patrocinador se tinha enganado e vendeu o mesmo patrocínio a 7 pessoas diferentes, com o mesmo nome ou algo parecido. Talvez tenham seguido a simples lógica de que lhes parecem ser todos iguais e logo devem ter também o mesmo nome. Não consegui perceber mais da historia, aparte do fulano não se querer ir embora e apesar dos seus incessantes pedidos foi parar ao aeroporto com um bilhete de ida.
Deixei-o lá a beber uma lata de cerveja e desejei-lhe sinceramente boa sorte.
Estes são os escravos actuais. Pelo menos os mais Óbvios, os outros acho que somos nós todos, mas isso é outra historia.
Vêm na esperança de amealhar uns dinheiritos para eles e para a família e pagam a um patrocinador a sua entrada num mundo melhor. Ficam sem passaporte e imediatamente com uma divida a pagar que resulta melhor se forem do sexo feminino e estiverem dispostos a prostituir-se. “É o preço que tenho de pagar” disse-me uma vez uma miúda com quem meti conversa num bar.
Alguns suicidam-se com vergonha quando percebem que não vão conseguir enviar dinheiro para casa e não sabem quando voltam. Outros, como este, são substituídos de imediato devido a erros administrativos. É mais fácil substituir a peça do que perceber o que falhou.
Deixam a família, mulher e filhos e muitos passam anos a fio sem a verem. Alguns acabam por ir de férias e ficar por lá. Outros aguentam a pancada e alguns até conseguem trazer a família. Ninguém sabe quantos ficam pelo caminho e quantos reconstroem a sua vida num pais estranho. Não há estatísticas. Aliás, isso não interessa. A maquina não para e alimenta-se dos sonhos das pessoas.
Cabe a nós não a alimentarmos. :)
Banning Eyre: There's one song on this album where you did not translate the lyrics. That's "Chet Boghassa."
Abdallah: Chet Boghassa means "the girls of Boghassa." Boghassa is a village in the desert. I wrote that song. It was during the rebellion. I tried to remember the women of Boghassa and to say that we would liberate that village, because at that time, the Malian troops were in Boghassa. "We will take it back." The song talks about that.
Bebia uma lata de cerveja. O que não é muito comum e pagava sem regatear o preço nem complicar muito, o que também não é comum. Chegou a pedir um maço de tabaco num bar de aeroporto o que me deixou embasbacado, uma vez que custa o triplo do que vendido na loja da esquina. Fiquei curioso mas não muito. Acabou por me perguntar de onde era e fez aquele ar parvo de quem não sabia sequer que existia um pais chamado Portugal mas não se atreve a dizê-lo. No Paquistão, uma vez que não temos selecção de críquete ninguém sabe quem é o Cristiano Ronaldo, o que faz de Portugal um pais desconhecido.
Vim a saber que tinha sido deportado e não poderia mais regressar ao pais até ao fim dos seus dias. Parece que o patrocinador se tinha enganado e vendeu o mesmo patrocínio a 7 pessoas diferentes, com o mesmo nome ou algo parecido. Talvez tenham seguido a simples lógica de que lhes parecem ser todos iguais e logo devem ter também o mesmo nome. Não consegui perceber mais da historia, aparte do fulano não se querer ir embora e apesar dos seus incessantes pedidos foi parar ao aeroporto com um bilhete de ida.
Deixei-o lá a beber uma lata de cerveja e desejei-lhe sinceramente boa sorte.
Estes são os escravos actuais. Pelo menos os mais Óbvios, os outros acho que somos nós todos, mas isso é outra historia.
Vêm na esperança de amealhar uns dinheiritos para eles e para a família e pagam a um patrocinador a sua entrada num mundo melhor. Ficam sem passaporte e imediatamente com uma divida a pagar que resulta melhor se forem do sexo feminino e estiverem dispostos a prostituir-se. “É o preço que tenho de pagar” disse-me uma vez uma miúda com quem meti conversa num bar.
Alguns suicidam-se com vergonha quando percebem que não vão conseguir enviar dinheiro para casa e não sabem quando voltam. Outros, como este, são substituídos de imediato devido a erros administrativos. É mais fácil substituir a peça do que perceber o que falhou.
Deixam a família, mulher e filhos e muitos passam anos a fio sem a verem. Alguns acabam por ir de férias e ficar por lá. Outros aguentam a pancada e alguns até conseguem trazer a família. Ninguém sabe quantos ficam pelo caminho e quantos reconstroem a sua vida num pais estranho. Não há estatísticas. Aliás, isso não interessa. A maquina não para e alimenta-se dos sonhos das pessoas.
Cabe a nós não a alimentarmos. :)
Banning Eyre: There's one song on this album where you did not translate the lyrics. That's "Chet Boghassa."
Abdallah: Chet Boghassa means "the girls of Boghassa." Boghassa is a village in the desert. I wrote that song. It was during the rebellion. I tried to remember the women of Boghassa and to say that we would liberate that village, because at that time, the Malian troops were in Boghassa. "We will take it back." The song talks about that.
sábado, 26 de fevereiro de 2011
I Don't Like
O anonimato morreu. A informação existe. Está toda no mesmo sitio e não é necessário grande esforço na recolha. De facto, a mesma é disponibilizada pelos próprios. Não se sabe é muito bem quem a controla, mas com certeza a tentação é grande demais para ser deixada ao acaso. As alegrias, as tristezas, as ambições individuais todas no mesmo sitio – online. A tua musica preferida, os teus amigos, as coisas de que gostas, do que não gostas, onde vais, onde gostavas de ir, o que comes, onde fazes as compras, onde trabalhas, o que lês. Tudo. A tua vida inteira a um click de distancia. Como é que eu te conheço tão bem? É Fácil.
Pelo Anonimato, pela Privacidade e para terem cuidado nos tempos que se adivinham. :)
Paul Simon - Boy In The Bubble
Uploaded by jpdc11. - Music videos, artist interviews, concerts and more.
Pelo Anonimato, pela Privacidade e para terem cuidado nos tempos que se adivinham. :)
Paul Simon - Boy In The Bubble
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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
O fim da esperança
Passei os últimos meses em Portugal. Não consegui reunir forças para escrever seja o que fôr. O desanimo apoderou-se de mim, talvez por osmose. Sai a tempo de assistir as recentes eleições a distancia. Talvez por isso encontre agora as forças para escrever algo que pode não ser muito inteligente mas é com certeza pertinente.
O professor foi eleito, como esperado e muito antecipado. Costuma-se dizer que cada um tem o que merece e um povo que elege o Sr. Aníbal Cavaco para um segundo mandato perde na minha humilde opinião toda a legitimidade para reivindicar seja o que fôr.
Mas quem é este homem, que ganha as presidênciais? Aníbal Cavaco Silva? Google it!
Fonte: Wikipedia, versão anglo-saxónica (com o suminho todo espremido, só para vocês):
Aníbal António Cavaco Silva
Nascido em Boliqueime, Algarve no ano de 1939, ano que marcou também o inicio da guerra. Filho de Teodoro Silva e Maria cavaco, ambos de Boliqueime, distrito de Loulé, conhecido pelo seu carnaval característico com raparigas brasileiras. Umas importadas outras transformadas.
Governou o pais com maioria absoluta por um período de 10 anos de crescimento económico sucessivo alimentado por cortes nos impostos, desregulamentação económica e fundos comunitários. O período de governação mais longo desde Salazar, antigo dirigente português muito popular, nos tempos que correm.
Antes disso foi Estudante, Professor e trabalhou no Banco de Portugal. Depois disso foi Professor e trabalhou para o Banco de Portugal. Desconhece-se se terá estudado ou mesmo aprendido alguma coisa neste período.
Em 2006 foi eleito presidente da republica, constituindo um pacto de cooperação estratégica com o governo do actual primeiro ministro José Sócrates, também este eleito para um segundo mandato.
O seu momento mais controverso foi quando aprovou o referendo sobre a lei de legalização do aborto após este ter sido declarado constitucional pelo tribunal constitucional e, mais tarde, quando assinou a legalização da mesma lei segundo os resultados do referendo popular.
Frase emblemática:
“Eu nunca me engano e raramente tenho dúvidas”
É católico praticante e acredita nas aparições de Fátima. Gosta de Fado e Futebol.
Morreu em data incerta e foi embalsamado sem nada saber, dando a impressão de que ainda se encontra vivo, embora lhe seja extremamente penoso sorrir. Existe para assombrar a vida ao povo Português e provar que o mesmo, para além de ter memoria curta, é submisso (leia-se “manso”) desde que o Benfica ganhe o campeonato.
Agora ganhou as eleições, anotando as queixas que os eleitores iam fazendo num pequeno livrinho, que lhe serve para passar o tempo enquanto lhe trocam os fluidos balsâmicos. Os comentadores da TSF estão felizes e excitados com o FMI e o panorama politico português. O pais continua na mesma, se bem que um bocadinho pior.
Eu, sinto-me cada vez menos Português, Cidadão do Mundo e cada vez mais Cidadão do Mundo, Português. No entanto e embora me sinta um pouco triste com esta historia ainda consigo sorrir e não me custa muito. :)
O professor foi eleito, como esperado e muito antecipado. Costuma-se dizer que cada um tem o que merece e um povo que elege o Sr. Aníbal Cavaco para um segundo mandato perde na minha humilde opinião toda a legitimidade para reivindicar seja o que fôr.
Mas quem é este homem, que ganha as presidênciais? Aníbal Cavaco Silva? Google it!
Fonte: Wikipedia, versão anglo-saxónica (com o suminho todo espremido, só para vocês):
Aníbal António Cavaco Silva
Nascido em Boliqueime, Algarve no ano de 1939, ano que marcou também o inicio da guerra. Filho de Teodoro Silva e Maria cavaco, ambos de Boliqueime, distrito de Loulé, conhecido pelo seu carnaval característico com raparigas brasileiras. Umas importadas outras transformadas.
Governou o pais com maioria absoluta por um período de 10 anos de crescimento económico sucessivo alimentado por cortes nos impostos, desregulamentação económica e fundos comunitários. O período de governação mais longo desde Salazar, antigo dirigente português muito popular, nos tempos que correm.
Antes disso foi Estudante, Professor e trabalhou no Banco de Portugal. Depois disso foi Professor e trabalhou para o Banco de Portugal. Desconhece-se se terá estudado ou mesmo aprendido alguma coisa neste período.
Em 2006 foi eleito presidente da republica, constituindo um pacto de cooperação estratégica com o governo do actual primeiro ministro José Sócrates, também este eleito para um segundo mandato.
O seu momento mais controverso foi quando aprovou o referendo sobre a lei de legalização do aborto após este ter sido declarado constitucional pelo tribunal constitucional e, mais tarde, quando assinou a legalização da mesma lei segundo os resultados do referendo popular.
Frase emblemática:
“Eu nunca me engano e raramente tenho dúvidas”
É católico praticante e acredita nas aparições de Fátima. Gosta de Fado e Futebol.
Morreu em data incerta e foi embalsamado sem nada saber, dando a impressão de que ainda se encontra vivo, embora lhe seja extremamente penoso sorrir. Existe para assombrar a vida ao povo Português e provar que o mesmo, para além de ter memoria curta, é submisso (leia-se “manso”) desde que o Benfica ganhe o campeonato.
Agora ganhou as eleições, anotando as queixas que os eleitores iam fazendo num pequeno livrinho, que lhe serve para passar o tempo enquanto lhe trocam os fluidos balsâmicos. Os comentadores da TSF estão felizes e excitados com o FMI e o panorama politico português. O pais continua na mesma, se bem que um bocadinho pior.
Eu, sinto-me cada vez menos Português, Cidadão do Mundo e cada vez mais Cidadão do Mundo, Português. No entanto e embora me sinta um pouco triste com esta historia ainda consigo sorrir e não me custa muito. :)
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