quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O fim da esperança

Passei os últimos meses em Portugal. Não consegui reunir forças para escrever seja o que fôr. O desanimo apoderou-se de mim, talvez por osmose. Sai a tempo de assistir as recentes eleições a distancia. Talvez por isso encontre agora as forças para escrever algo que pode não ser muito inteligente mas é com certeza pertinente.

O professor foi eleito, como esperado e muito antecipado. Costuma-se dizer que cada um tem o que merece e um povo que elege o Sr. Aníbal Cavaco para um segundo mandato perde na minha humilde opinião toda a legitimidade para reivindicar seja o que fôr.

Mas quem é este homem, que ganha as presidênciais? Aníbal Cavaco Silva? Google it!

Fonte: Wikipedia, versão anglo-saxónica (com o suminho todo espremido, só para vocês):

Aníbal António Cavaco Silva

Nascido em Boliqueime, Algarve no ano de 1939, ano que marcou também o inicio da guerra. Filho de Teodoro Silva e Maria cavaco, ambos de Boliqueime, distrito de Loulé, conhecido pelo seu carnaval característico com raparigas brasileiras. Umas importadas outras transformadas.

Governou o pais com maioria absoluta por um período de 10 anos de crescimento económico sucessivo alimentado por cortes nos impostos, desregulamentação económica e fundos comunitários. O período de governação mais longo desde Salazar, antigo dirigente português muito popular, nos tempos que correm.

Antes disso foi Estudante, Professor e trabalhou no Banco de Portugal. Depois disso foi Professor e trabalhou para o Banco de Portugal. Desconhece-se se terá estudado ou mesmo aprendido alguma coisa neste período.

Em 2006 foi eleito presidente da republica, constituindo um pacto de cooperação estratégica com o governo do actual primeiro ministro José Sócrates, também este eleito para um segundo mandato.

O seu momento mais controverso foi quando aprovou o referendo sobre a lei de legalização do aborto após este ter sido declarado constitucional pelo tribunal constitucional e, mais tarde, quando assinou a legalização da mesma lei segundo os resultados do referendo popular.

Frase emblemática:

“Eu nunca me engano e raramente tenho dúvidas”

É católico praticante e acredita nas aparições de Fátima. Gosta de Fado e Futebol.

Morreu em data incerta e foi embalsamado sem nada saber, dando a impressão de que ainda se encontra vivo, embora lhe seja extremamente penoso sorrir. Existe para assombrar a vida ao povo Português e provar que o mesmo, para além de ter memoria curta, é submisso (leia-se “manso”) desde que o Benfica ganhe o campeonato.

Agora ganhou as eleições, anotando as queixas que os eleitores iam fazendo num pequeno livrinho, que lhe serve para passar o tempo enquanto lhe trocam os fluidos balsâmicos. Os comentadores da TSF estão felizes e excitados com o FMI e o panorama politico português. O pais continua na mesma, se bem que um bocadinho pior.

Eu, sinto-me cada vez menos Português, Cidadão do Mundo e cada vez mais Cidadão do Mundo, Português. No entanto e embora me sinta um pouco triste com esta historia ainda consigo sorrir e não me custa muito. :)

9 comentários:

Zé_dopipo disse...

Isso aí, meu irmão. Bola prá frente...

Anônimo disse...

Pois, eu concordo com tudo isso que disseste e até apoio, mas... por acaso votaste?! Deste-te ao trabalho de contactar o consulado (que já está a funcionar em Lisboa, no Princípe Real, como já te tinha dito em tempos) para saberes como poderias exercer o teu direito?! é muito fácil criticar apenas e mandar abaixo, mas... e soluções? e atitudes? (continua)

Anônimo disse...

Começo a ficar um bocado cansada de ouvir falar tão mal de Portugal e não se fazer NADA! E aqui tb me incluo em parte, embora faça de quando em vez alguma coisa para melhorar o que está menos bem, como por exemplo sugestões e reclamações fundamentadas às devidas instituições. E até tenho obtido alguns resultados... E tb falo mal, pois claro, mas sempre que posso ACTUO e SUGIRO! Devia fazer mais, é certo, mas tenho a humildade de o reconhecer. Mas por acaso, nós, povo português no geral, costumamos reunir-nos ou propor alguma coisa para melhorar a nossa sociedade ou o nosso bairro?! Não!!!

Anônimo disse...

Nós somos pequeninos, mesquinhos, só queremos é saber de resolver os nossos problemas pequeninos e quando alguém sugere que se faça alguma coisa a resposta é sempre a mesma: Isso não vale a pena, é perder tempo! Então não nos comparemos a este e àquele país que consegue ser melhor que nós em determinadas coisas, e continuemos PASSIVOS, sentadinhos à espera que as coisas mudem como por milagre, criticando na blogosfera e com os amigos no café... A mudança começa em cada um de nós. Não nos desresponsabilizemos! A culpa não é só dos polítcos que temos, mas de todos nós! E cuidado para não confundir os nossos mal estares interiores com a situação em que Portugal se encontra: "O desânimo apoderou-se de mim"?! Poupa-me! Até parece que não tens trabalho e vives na rua!!!

Anônimo disse...

Portugal também tem muitas coisas positivas e muitas pessoas com potencial. O povo é que tem a mania que lá fora é que é!! Até gosta de se expressar mais em inglês, quando tem uma língua riquíssima e que não utiliza. É impressionante a quantidade de estrangeirismos utilizados. Já para não falar no desprezo que se dá à música portuguesa em detrimento da estrangeira! Estou farta deste discurso, desculpa lá! Se não gostas de ser português e do teu país, emigra de vez e muda de nacionalidade, porque claro, lá fora é que é bom! Cada um ilude-se com o que quer, porque ver a realidade como ela é, e tentar modificá-la se não agrada, dá mto trabalho e nunca há tempo, não é?! Tb ouço música estrangeira e de qdo em vez escrevo alguns estrangeirismos, mas tb ouço música nacional e sei reconhecer o valor dos nossos artistas! E compro os CDs em vez de andar a piratear na Internet!! Mas isso deve fazer de mim otária, claro! Porque o que o roto diz ao nú (e o nú não sou eu, atenção), é que não vai gastar dinheiro podendo ter de borla.

Anônimo disse...

Se a indústria musical ou cinematográfica tiver cada vez mais prejuízo, que se lixe! Se o Rui Veloso não vender tantos Cds como deveria, que se lixe! Ele que vá dar concertos para o estrangeiro ou se mude para lá de vez, que eu cá não pago para ir a concertos dele nem para lhe comprar os CDs!!! Este é o típico português, o que mais critica o país onde vive, o que mais fechado é à mudança, o passivo, o que não pensa antes de falar e de agir e o que idolatra o que há lá fora (e cegamente não vê o negativo), mas não se decide a mudar para lá de vez! Dá um saltinho a Espanha e experimenta ouvir as rádios espanholas... só por aí se vê a diferença dos povos! Tu estás incluído nos 52% de abstenção que não quis saber se o Cavaco ia ou não para lá outra vez, ou qualquer outro dos "ilustres" candidatos (a escolha era de facto fantástica)! Eu, apesar de estar com gripe, ainda lá fui deixar o meu voto em branco, ao invés de deixarem decidir por mim e fazer parte dos 52% de abstenção!

Anônimo disse...

Não quero com isto dizer que sou um poço de virtudes no que toca a exercer o meu direito de cidadania, nem que ache que não devas criticar, agora, seria louvável que antes de criticares seja o que for, olhasses primeiro para ti, te questionasses primeiro e tentasses alterar os teus telhados de vidro (que diga-se, todos nós temos, TODOS SEM EXCEPÇÃO!). Afinal, muitos como tu acabaram por dar a vitória ao Cavaco. Só mais uma coisa: Embora o dito faça sempre uma campanha demagógica e dê a entender que "governa", relembro que o Presidente da República não tem poder governativo. Sinceramente, a mim o que mais me entristece não é que o Cavaco tenha ganho, mas que a maioria dos portugueses não faça NADA para começar a alterar porra nenhuma e que como sempre ponha sempre as culpas nos outros. Porque, claro, o português nunca é dono da sua vida, ele não consegue nunca o que quer porque as condições nunca são favoráveis, tudo acontece sempre por condições exteriores a si próprio! Estou cansada do negativismo português, do estar sempre a dar ênfase ao que está mal em Portugal e mais que tudo isto, da passividade dos portugueses que criticam tudo e todos e estão cheios de telhados de vidro!
VIVA PORTUGAL!
Ana

eLimão disse...

Esclarecimento:
Teria votado se estivesse em Portugal. Infelizmente não ha consulado nos EAU, muito menos embaixada. teria de me deslocar a Riade, quen fica noutro pais.
Nunca disse que o desanimo se apoderou de mim.
Oiço musica Portuguesa e acho que os Portugueses têm uma qualidade de vida invejavel.
Não falo mal de Portugal e Lisboa continua a ser a minha cidade favorita.
Tenho trabalho e não vivo na rua. Pago uma pipa de massa em impostos todos os meses.
Ja comprei bastante musica Portuguesa e fa-lo-ei se achar que o preço é justo.
Atribuir culpas a terceiros não faz parte do meu modo de vida.

Anônimo disse...

Esclarecimento ao esclarecimento:
"Passei os últimos meses em Portugal. Não consegui reunir forças para escrever seja o que fôr. O desanimo apoderou-se de mim, talvez por osmose.": Bem, foi o que li...e é o que lá está escrito!
Sobre o resto não me pronuncio mais, pois és livre de fazer a tua auto-análise ao que escreveste e aos meus comentários. Não pretendi que os meus comentários fossem uma crítica destrutiva, mas antes um alerta para a honestidade que temos connosco próprios quando apenas criticamos e nada fazemos.(E tb me incluo). Não seria mais construtivo debater ideias e tentar por algumas coisas em prática? Correndo, ainda assim, o risco de tudo ficar na mesma?! Não será altura para começarmos a valorizar e a falar mais do que há de bom no nosso país, ao invés de estarmos constantemente a criticar sem sugerir alternativas?! Não será a crítica pela crítica e a passividade, uma forma de atribuirmos indirectamente a culpa do estado das coisas a terceiros? Ficam as questões e que cada um de nós pense para si próprio nas respostas.
Beijinhos